O musical “Cabaret” estreou em 1966 na Broadway com texto de Joe Masteroff, música de John Kander e letras de Fred Ebb, os mesmos de “Chicago” e de “O Beijo da Mulher Aranha”. É a adaptação da peça “I am a camera”, de 1951, de John Van Druten, que, por sua vez, é a adaptação do filme “Goodbye to Berlin”, de 1931, de Christopher Isherwood. Dirigido por Harold Prince (que já tinha dirigido, entre vários outros musicais, “West Side Story” e “Fiddler on the roof”) e coreografado por Ron Field, o espetáculo trazia no elenco Jil Haworth (Sally) e Joel Grey (MC) nos papéis principais e foi indicado ao Tony em 11 categorias, sendo vencedor em 8, incluindo a de Melhor Musical e a de Melhor Ator (Joel Grey). Em 1972, houve a versão cinematográfica, essa dirigida por Bob Fosse, com Liza Minelli (Sally) e, de novo, Joel Grey (MC) como protagonistas. Indicado a dez Oscars, ganhou novamente 8 troféus, incluindo Melhor Diretor, Melhor Atriz (Minelli) e Melhor Ator (Grey).
A história agrada quem gosta de musicais, mas pode também agradar quem não é fã do gênero. Ao mesmo tempo que tem os ontológicos números musicais, apresenta uma dramaturgia amarrada, cheia de conflitos e com personagens ricos em suas contradições. A história começa com o Mestre de Cerimônias (MC) abrindo a noite no cabaret Kit Kat Klub. É réveillon de 1931 para 1932 e Berlin vive os últimos dias antes da dominação nazista.
Confluem três acontecimentos principais: o jovem escritor americano Cliff Bradshaw desembarca na capital alemã para tentar, mais uma vez, encontrar inspiração para escrever um romance; a dançarina inglesa Sally Bowles, namorada de Max, dono do Kit Kat Klub é demitida e não tem onde dormir; e o alemão Ernest Ludwig precisa de um professor de inglês e,também, de alguém que o ajude em uma empreitada de “dinheiro fácil”, uma transação que envolve uma maleta que viajará entre Paris e Berlin. Há, assim, dois tempos concomitantes: de um lado, a noite de réveillon no cabaret e, de outro, a passagem do ano de 1932, o ano em que o Partido Nacional Socialista venceu as eleições na Alemanha e se tornou o governo. No mesmo sentido, há dois lugares: o Kit Kat Klub, uma clara alusão ao KKK, Klu Klux Klan, uma organização americana de extrema direita, e a pensão da Fräulein Schneider, onde Bradshaw e Bowles morarão. Tudo o que acontece entre Bradshaw-Bowles-Ludwig recebe uma leitura alternativa (leia-se cômica, maliciosa, irônica) nas canções do show apresentado pelo MC.
A noite evolui e a bebida embriaga no clube assim como as relações se aprofundam na pensão. O amor e os sonhos se encontram com a falta de dinheiro, a mudança política na Alemanha e o preconceito. Ao final, nasce um novo dia, um novo ano, uma nova Alemanha e um novo mundo. Para isso, algo e/ou alguém terá que morrer.
A partir de 12 de Janeiro.Confira no site abaixo
http://fortlauderdale.broadway.com